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Gestão de marketing para quem não é “do marketing”

  • Foto do escritor: Juliana Vicente de Souza
    Juliana Vicente de Souza
  • há 3 dias
  • 3 min de leitura

Hoje é quase automático: você abre as redes sociais e encontra uma enxurrada de “gurus” vendendo fórmulas mágicas, hacks de engajamento e promessas de crescimento via conteúdo e tráfego pago. Nesse ambiente, criou-se a impressão de que marketing se resume a bombar perfil no Instagram, fazer dancinhas e inventar posts “estratégicos”. Resultado: muita gente séria, que está na linha de frente da gestão, olha para isso e conclui que marketing é um mundo paralelo, pouco técnico e com pouca conexão com a realidade do negócio.


Mas essa é só a superfície. A essência do marketing não tem nada a ver com fórmulas de viralização — e tudo a ver com entender o mercado, o consumidor e o papel da empresa dentro desse sistema de trocas.


Marketing, no sentido original, é mercadologia. É estudar o comportamento do consumidor, analisar concorrentes, identificar oportunidades e preparar a empresa para atender uma demanda existente ou criar um novo desejo no mercado. Não é produzir conteúdo por produzir; é criar uma lógica que conecta o que a empresa oferece ao que o cliente realmente valoriza.


Quando quem não é “do marketing” entende isso, a conversa muda completamente. Sai a pergunta “o que vamos postar hoje?” e entra “quem queremos atingir, com qual proposta de valor e por quais canais esse cliente realmente toma decisão?”. Nesse momento, o marketing deixa de ser custo e passa a ser gestão da demanda. Com base nisso, apresento cinco pilares para orientar a tomada de decisão de quem não é da área, mas precisa que o marketing funcione.



Entender o mercado

Marketing começa olhando para fora. Antes de qualquer ação, é preciso entender onde você quer ser referência, qual problema o cliente tenta resolver, quem é seu cliente ideal e quais concorrentes disputam a mesma atenção. Ao observar o que cada concorrente promete — preço, rapidez, marca ou qualidade — você entende o campo competitivo e evita desperdiçar energia em ações que não têm impacto real.Sem essa leitura externa, qualquer decisão vira chute.



Definir a oferta e o posicionamento

“Qualidade e bom atendimento” não são diferenciais; são obrigação. A pergunta real é: no que você é objetivamente melhor e para quem isso importa? E mais: como o cliente percebe esse diferencial?


Uma empresa só passa a ter posicionamento real quando consegue resumir sua promessa em uma frase simples e concreta: “Somos a melhor opção para [tipo de cliente] que busca [resultado] porque entregamos [diferencial].”


Essa frase não pode ser apenas bonita — precisa ser vivida. Cada ponto de contato, da proposta ao atendimento, precisa refletir essa promessa. Do contrário, o posicionamento vira discurso vazio.



Organizar a jornada do cliente

O cliente segue etapas claras até comprar: descobre que você existe, cria confiança, compara alternativas, decide, recebe e, se a experiência é boa, fideliza.Cada etapa comunica algo — mesmo que você não perceba.


Se, no lugar de consistência, o cliente encontra atendimento lento, proposta confusa ou informações desencontradas, o marketing enfraquece e o negócio perde.Organizar essa jornada é mais importante do que anunciar. Melhor o cliente esperar para comprar e ter uma boa experiência do que comprar por causa de um anúncio e nunca mais voltar. Marketing não sustenta o que a operação não confirma.



O básico que toda empresa precisa

Antes de pensar em campanhas, qualquer negócio precisa de alguns fundamentos simples, mas decisivos:

  • Uma mensagem clara, repetida sempre.

  • Um produto ou serviço bom — campanha nenhuma salva produto ruim.

  • Uma proposta comercial bem estruturada, que elimine dúvidas.

  • Presença mínima em 1 ou 2 canais onde o cliente realmente está.

  • Registro organizado de leads e clientes, mesmo que em planilha.


Quando esses elementos mínimos estão bem resolvidos, a empresa ganha clareza interna e consistência externa — e estar à frente da maioria deixa de ser questão de sorte e passa a ser questão de método.


Transformar marketing em rotina de gestão

Marketing funciona quando vira processo. Não improviso.


Uma rotina simples já muda o jogo:

  • Treinamento de time com alinhamento de mensagem;

  • Revisão contínua de dados: quantos contatos, propostas, vendas e motivos de perda.

  • Avaliação dos gargalos (descoberta, proposta, fechamento, pós-venda).

  • Definir 2–3 ações simples para melhorar o mês seguinte.

  • Revisar o que deu certo e descartar o que não funcionou.


Esse ciclo cria evolução real. Não são “ideias criativas” isoladas que movem um negócio; é consistência. Marketing não é um universo paralelo reservado a designers, criativos ou influenciadores. Marketing é a ciência de conectar empresa e mercado. Quem entende isso para de tratar marketing como enfeite e passa a tratá-lo como o que ele realmente é: um sistema de construção de demanda que sustenta receita, posicionamento e reputação.

Você não precisa ser “do marketing”.Precisa apenas entender que marketing é gestão — e, como toda gestão séria, depende de lógica, foco e consistência.

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